Aproximadamente 3% da populaçáo apresenta valores de pressão arterial inferiores aos normais, de acordo com a sua idade, sem que exista uma causa evidente que o justifique e sem que se conheça o motivo da sua origem, presumivelmente de índole constitucional - nestes casos, fala-se de hipotensão arterial primária, essencial ou idiopática (termo aplicado às doenças de causa desconhecida). Na verdade, não se trata realmente de uma doença, mas sim de uma condição que, em determinadas ocasiões, pode provocar algumas manifestações consequentes a uma deficiente circulação sanguínea. É mais comum nas mulheres, sobretudo nas que tenham tido vários filhos, e de um modo mais geral, nas pessoas de constituição fraca e tórax estreito, com um reduzido desenvolvimento muscular.
A hipotensão essencial não costuma provocar sintomas, especialmente ao longo das primeiras décadas de vida, e apenas se manifesta em alguns casos através de sinais e sintomas pouco precisos: por exemplo, cansaço, sensação de debilidade, sonolência, tendência para se suar muito, digestões pesadas e obstipação, náuseas ou vertigens, dores de cabeça (normalmente situadas na nuca), palidez e falta de sensibilidade cutânea (sobretudo nas mãos e nos pés). Estes sinais e sintomas podem ser mais ou menos permanentes em qualquer situação, mas normalmente manifestam-se ou acentuam-se em circunstâncias que só por si provocam uma certa diminuição da pressão arterial: caso se permaneça num lugar muito quente (por dilatação da rede vascular), se se estiver muito tempo de pé (pela acumulação do sangue nos membros inferiores) ou quando nos levantamos bruscamente (situação em que pode ocorrer hipotensão ortostática).
A evolução da doença não costuma provocar complicações, à excepção de episódios de descidas abruptas da pressão arterial, que dificultam a chegada do sangue ao cérebro, provocando uma síncope, ou seja, um desmaio ou perda de consciência de curta duração. Nestes casos, o perigo depende do momento e do lugar onde se produzem estes episódios. Em relação ao tratamento, normalmente não é preciso efectuar qualquer terapia específica, embora seja aconselhável a adopção de certas precauções e medidas que evitem as descidas bruscas de pressão e activem a circulação (observar o quadro). Por vezes, para melhorar o estado do paciente ou como precaução, o médico pode optar por prescrever algum medicamento que provoque a contracção das pequenas artérias, o que contribui para aumentar os valores da pressão arterial.